Tinha um prego no meu pneu, no meu pneu tinha um prego. Há tempos eu sabia disso, mas não sabia o quão letal o
tal prego poderia ser. Andei bastante com o meu carro e nada aconteceu. Ele, o
prego, ficou lá incógnito tramando o seu plano maligno contra esse objeto
emborrachado tão útil. Eu diria que o prego é o pior tipo de vilão. Ele poderia
parecer muito eficiente em um primeiro momento, pois estaria tampando um buraco
que apareceria assim que se tirasse ele dali. Ele foi agindo silenciosamente
até provocar a verdadeira destruição do pneu. Ele, o pobre pneu, se estatelou
no chão e não sabia o porquê. Eu vi lágrimas nos olhos dele ao descobrir que
seu fiel companheiro era o culpado por tal destruição. Aquele que se tornou seu
melhor amigo, o apunhalou pelas costas. A tristeza e decepção do pobre pneu era
algo lastimável. Ele estava murcho no chão e não pode conter suas lágrimas. Ele
chorava e chorava e assim passou noites a fio. Por mais que o pneu relutasse,
ele teria que se operar, pois a convivência com o prego não estava o fazendo
bem. Então, em uma manhã de segunda feira, o procedimento foi realizado e dois
supostos amigos inseparáveis tiveram que se separar. O pneu ficou remendado e
saudável. Mas e o prego? O prego foi jogado no canto e condenado a viver uma
vida sozinha e vazia. Talvez ele tenha feito por merecer isso, talvez tenha
sido sem querer, talvez seja a natureza dele. O fato é que o prego furou o
pneu. Pregos não são usados pra isso. Eu diria que o prego estava fora de
contexto. Nos resta torcer para que o pobre prego encontre seu destino e seja
reciclado e usado pra segurar algum quadro em alguma parede. Talvez em uma
oficina? Seria uma ideia bem proveitosa para o prego em questão. Porque se ele
gostava tanto de pneus, nada melhor do que ficar em um lugar onde ele poderá
conversar com vários, mas sem feri-los no processo.
2 comentários:
A relação entre o pneu e o prego me fez lembrar de relações entre pessoas. Por vezes, nos deparamos como pneus e outras, não raras, somos os próprio prego.
Saudade daqui, Mari.
Bjos
[risos...]
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